A Morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome, pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vai dizendo em toda a parte o pintor morreu
Tua Morte, pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho, dente por dente vale
A lei assassina a Morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação
A Morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome, pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vai dizendo em toda a parte o pintor morreu