Éramos tudo que não dá para ser
E não se passa na televisão
Éramos poetas, meretrizes
Éramos todos atrizes de figuração
Tínhamos tão pouco e fazíamos de louco
O princípio de nossa razão
Tínhamos a mesma cicatriz
A mesma pele, a mesma pura perversão
Éramos crianças e a nossa brincadeira
Era sempre da combinação
De fatos e fotos, de fetos e afetos
E de toda essa alucinação
A cidadela donzela
Não serve de palco pra a apresentação
Se é fora dela que a terra é estreita
E perfeita para a condição
A condição de sonhar
"Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava, de olhos
Abertos te direi, amigo eu me desesperava"
Não dá pra contar nos dedos
Segredos
Defeitos e entalhes nas mãos
Não dá pra acordar tão cedo se a noite
Nos carrega pelas mãos