Chora mãe d'água
Chora mãe d'água
Tua lágrimas deslizam em meus rios
O teu canto hoje é de lamento
É de revolta, o teu momento
Em nossas águas, o alimento, a cura, a unção
O encantamento caminhos de rios
Caminhos de rios dos povos da Amazônia!
O Tapajós secou
O mercúrio envenenou
O Rio Negro desapareceu
Peixes, botos, barcos na praia
Oceanos de areia
Rio Madeira virou deserto
Estreito de lágrimas
Território isolados
O Rio Xingu, hoje sangra por tanto genocídio
O rio é vida, a água é vida!
A esperança dessa gente é a bonança
Em ver, tudo cheio de água, água!
Os encantados do fundo do rio
(Clamam!, clamam!)
Os protetores das longínquas várzeas
(Clamam!, clamam!)
Indígenas dos grandes vales
Clamam ao deuses que choram
Juntos com seu povo
O Rio secou, a nascente parou
O atalho fechou
Mais a esperança não terminou
Esse é o canto, (clamor das águas)
O canto, (oração das águas)
Muirapinima é a força
Banzeiro é correnteza
Hááá-áááá-ááá, ôôô-ô-ô-ô
A mãe d'água voltará a sorrir!
Hááá-áááá-ááá, ôôô-ô-ô-ô
A mãe d'água voltará a cantar!