Seu nome era dor
Seu sorriso dilaceração
Seus braços e pernas
Asas, seu sexo, seu escudo
Sua mente, libertação
Nada satisfaz seu impulso
De mergulhar em prazer
Contra todas as correntes
Em uma só correnteza
Quem faz rolar, quem tu és?
Mulher! Solitária e sólida
Envolvente e desafiante
Quem te impede de gritar?
Do fundo de sua garganta
Único brado que alcança
Que te delimita
Mulher! Marca de mito embotável
Mistério que a tudo anuncia
E que se expõe dia a dia
Quando deverias estar resguardada
Seu ritus de alegria
Seus véus entrecruzados
De velharias da inóspita
Tradição irradias
Mulher! Há corte e cortes profundos
Em sua pele, em seu pelo
Há sulcos em sua face
Que são caminhos do mundo
São mapas indecifráveis
Em cartografia antiga
Precisas de um pirata
De boa pirataria
Que te arranques da selvageria
E te coloque mais uma vez
Diante do mundo
Mulher