Favela é um palco, guerra na entrada
Criança na rua, futuro sem nada
Poços escuros, sonho afogado
Esperança é moeda, custo inflacionado
Que Deus me guia na trilha do aço
Tenho os filhos no peito, abraço no espaço
Governo é surdo, fala só de cima
Meus gritos ecoam, mas ninguém me estima
Meu produto amargo, nas vielas roda
A vida é dura, pique faca que corta
Dinheiro sujo, mas limpa a barriga
Julgam as ações, nunca a vida vivida
A cruz é pesada, fé não me deixa
No topo do morro, as preces me fecham
O céu prometido nunca encurta a ladeira
Enquanto corro, só vejo poeira
Que Deus me guia na trilha do aço
Tenho os filhos no peito, abraço no espaço
Governo é surdo, fala só de cima
Meus gritos ecoam, mas ninguém me estima
Filhos no colo, entre tiros e chamas
Enquanto o asfalto consome as tramas
Não é amor de novela, nem filme na tela
É viver no limite, na margem mais bela