Vou descendo pelas águas turvas do Rio Tietê
Vou olhando pra cidade, que o rio invade, pensando em você
Pela noite paulistana a saudade a me levar
Como as luzes da avenida o céu ilumina para eu regressar
Rio tão esquisito, não corre pro mar
Mas se o rio do mar esquece ele adormece junto ao teu olhar
Segue moribundo, chega a entrevar
Mas por você vou com fé, me arrisco a pé sobre a água andar
Venho de Penha de França, vou cruzando a capital
Acho que vai chover forte, quem sabe dou sorte, paro em seu quintal
Tô levando uma prenda que comprei ontem no Braz
Tua foto na carteira, tem pastel de feira, não vai reparar
Rio tá nauseabundo, infestando o ar
Meu amor não se apavora, lá em Pirapora dá pra respirar
O céu carrancudo vem me espreitar
Mas se a noite segue escura, teu olhar procura me enluarar
Tenho que pagar promessa, Santo Antônio do Pari
Entro escrevo o nome dela, acendo uma vela pra depois partir
Acho que chego depressa, nem vou lá na catedral
Mas se tiver contratempo te mando com o vento um cartão postal
O rio vai sumindo para não mais voltar
Pelas ruas vai passando, a cidade olhando finge não notar
Em seu leito escuro não brilha o luar
Como o rio, eu vou sozinho buscar teu carinho pra me serenar
Minha terra sem palmeiras, se calou o sabiá
Não permitas Deus que eu morra, sem ver a garoa nela garoar
Tô voltando pros teus braços, tô querendo namorar
Se romper a madrugada, me espere acordada pra comemorar
Trago no meu bolso pra te conquistar
Um anel de compromisso, tô pensando nisso, agente noivar
Eu fiz um pedido para o rio levar
Você pra mim caminhando, olhos marejando, me beijar no altar
Um sonho bonito que vivo a sonhar
Ver a luz do firmamento, fazer um rebento pra gente cuidar
Tem uma quimera que trago no olhar
Juntos os dois a vida inteira até que Deus queira a gente levar
Juntos os dois a vida inteira até que Deus queira a gente levar
Juntos os dois a vida inteira até que Deus queira a gente levar