Selva de gente
Perigo latente nas mãos
Aladas do seu protetor
A justiça cega
Às vezes enxerga bem
Quando lhe convém
Só entendeu, só entendeu
Quem viveu
Seus dias
De luta e glória
Mas o Brasil, o seu Brasil, sabe bem
Quem mata e quem morre
Mas não dá pra divagar
Já se sabe que aqui diferenças não há
Perceba que muitos morrem e que de ninguém é a culpa
Hoje tem mãe que chora
O filho que jaz na rua
A máquina come gente
A arma apontada na nuca
Do pobre dito delinquente
Vendia balas na rua
Selva de gente
Perigo latente nas mãos
Aladas do seu protetor
A justiça cega
Às vezes enxerga bem
Quando lhe convém
Milhares de baixas, estatística alta em todo o mundo
E aqui um jovem preto vivo agradece a cada 23 minutos
Por isso, nós tem que descobrir o quanto nós é foda
Hei, negona, Hei, negão, olha para mim você é foda
Rompe com o que poda, máquina colonialista, representatividade é foda
Mas nós precisamos de justiça Black, black roses in my garden
O que fizeram com Moïse foi grave
Uma amostra da humanidade que a humanidade nos oferta e nos mostra
Façam suas apostas, impunidade é praxe polícia covarde
Justiça, ainda que tarde, paz e liberdade
Mas que seja de verdade
A senzala não foi fechada por você
Suspeito, o mano preto no caminho
A arma, livro na mão de um menino
O alvo a nossa pele preta e pobre
A favela é resistência
Dessa gente que hoje sofre
Selva de gente
Perigo latente nas mãos
Aladas do seu protetor
E justiça cega
Às vezes enxerga bem
Quando lhe convém