Essa noite, o silêncio foi um mar sem fundo
Onde meus pensamentos nadaram em círculos, afogados
O ventilador, um pássaro de asas quebradas
Sussurrou o calor da insônia em minha pele
A luz que não acendeu foi o Sol que me abandonou
E o dia se arrastou como um rio de lâminas
Na luta pela sobrevivência, eu era um gladiador sem arena
Matando-me em silêncio para não morrer em pedaços
Se eu me jogar, lembre de mim como a folha que voou
Levada pelo vento que não escolhe direção
Este é meu lar: O abismo, o desconhecido
Onde a viagem final é um abraço sem perdão
No meio do caminho, plantei raízes no asfalto
Cresci entre o concreto e a podridão do humano
A caravana da traição passou com facas de sorrisos
E eu, o inseto, fui esmagado pelo pé que amei
Provei o amargo do fogo, o veneno do féu
E ainda assim, ergui as mãos para o céu vazio
A viagem é curta, um suspiro entre dois abismos
E eu não sei se sou forte o suficiente para atravessar
Se eu me jogar, lembre de mim como a folha que voou
Levada pelo vento que não escolhe direção
Este é meu lar: O abismo, o desconhecido
Onde a viagem final é um abraço sem perdão
O sobrenatural é o peso do passado
Uma sombra que me cobra sem olhar meu rosto
Não tenho mais estômago para engolir palavras
Só restou o tempo, um relógio de areia que me consome
Mas olho para a Lua, uma ferida no céu noturno
E sinto que ainda há luz no fim do deserto
Estou livre do passado, mas ele ainda me assombra
Vivendo o presente, com o futuro nas mãos trêmulas
Se eu me jogar, lembre de mim como a folha que voou
Levada pelo vento que não escolhe direção
Este é meu lar: O abismo, o desconhecido
Mas hoje escolho viver, mesmo sem perdão