Fiquei com as mãos amarradas, pulsos marcados
Olhei pro chão, contando pisos, contando os dias passados
O combo foi lento pra doer, rápido pra não voltar
Me senti preso antes mesmo de tudo começar
Dormi dois dias, acordei sem querer levantar
Me deparei com o fim do mundo, difícil de acreditar
Lavei minhas roupas num balde, deixei no Sol pra secar
Mas na hora de enxaguar, a água faltou pra limpar
Saquei que o lance era ser alguém diferente de mim
Errei por deixar tudo acontecer, acreditei cego, infeliz
Eu era manipulador, mas fui manipulado também
Jogado no lixo, devorado vivo, foi meu fim
Preso fora das linhas da constituição
Onde o filho chora e a mãe não vê a solução
Sentimos que somos pequenos, incapazes de lidar
Com algo maior que nós, só nos resta aceitar
Debaixo de uma coberta emprestada, passando frio
Pude levantar e aceitar que tinha perdido o brilho
Tudo foi em vão, não há como fugir
É morrer ou encarar, não tem como seguir
Saquei que o lance era ser alguém diferente de mim
Errei por deixar tudo acontecer, acreditei cego, infeliz
Eu era manipulador, mas fui manipulado também
Jogado no lixo, devorado vivo, foi meu fim
Leitura, literatura, arte do submundo astral
O mal começa no coração, nas ideias que machucam o igual
Tentei recuperar meu sono, dormi demais, quase extinto
Quando saí de lá, vi que a realidade era mais cruel que o instinto
Não vou reclamar, eu mesmo cavei minha cova
Não vou me desesperar, ainda há vida, ainda há prova
Coloquei o que importa na frente da minha porta
Hoje vejo que sou condenado a ser feliz, e isso me conforta