Não aceito o absurdo de quem diz
Que essa vida pertence a um só dono
Nem que o tempo se conta por minutos
Nem que o espaço se enquadra num só ponto
Eu seria por demais um infeliz
Vendo o mundo amarrado nesse nó
Sem sequer entender nesse tormento
Que viver não se acaba em virar pó
Voar com gaiola e tudo, quebrar as regras do jogo
Calar a boca das placas, apagar fogo com fogo
Não entendo o absurdo de quem diz
Que essa vida é uma estrada sem sentido
Que o destino é descrer, não ter destino
Que tem razão quem nunca dá razão
Eu seria por demais um infeliz vendo
Vendo o mundo envolvido nessa teia
As pessoas gritando pra se ouvir
Construindo nos gritos mais cadeias
Não me bastam certezas imutáveis
Nem a dúvida eterna dos descrentes
Do que já descobri nada renego
Mas há bem mais grandezas lá na frente
Assustado, eu procuro meu caminho
Que a verdade está sempre em movimento
Sou aquele que busca ter seu ninho
Preso ao livre e veloz, soprar do vento