Pra te ferir: Flexas e facas e mais.
Pra te dizer: Velha cidade, sem cais.
Pra te levar: Só carruagem de sal
Depois do ponto final.
Pra te seguir: Pernas e pé-ante-pé.
Pra te dizer: Tudo que é e não é.
Pra te vender: Feiras, reais e leilões.
Pra te comprar: Ilusões.
E te perder nas ruas sem constelação,
Onde te achar nuvem: Alma lavada no mar…
Vendo o céu daqui do alto do prédio,
Os faróis são como o brilho de estrelas,
Quadro-a-quadro como em foto-novelas,
Flutuando ao sopro doce do vento.
Vendo o céu aqui do alto do prédio,
A saudade é como um cão sem coleira,
Mesmo que se perca ao som da matina,
Mesmo que se encontre no pensamento…
Pra te sentir: Olhos, ouvidos e luz,
Línguas e mãos, cílios e unhas dos pés,
Pra te prender: Braços e quartos de hotéis,
Até nublar céus azuis.
Pra te dizer: Cada poema que fiz,
Pra te lembrar o que a saudade me faz.
Pra descobrir tudo que sempre se quis,
Depois que é tarde demais pra voltar…