Muito tempo fui patrão, agora sou camarada
Eu fui patrão do meu pai na minha infância passada
O meu pai saía cedo, como frio da madrugada
À tarde, a roupa do velho, de suor, estava molhada
O velho pulou miúdo, sozinho fazia tudo
E eu não fazia nada
Meu pai trabalhou pra mim e me dava proteção
Parecia um escravo do filho do coração
Pra deixar tudo o que tenho, encheu de calo as mãos
No dia que eu me casei, fiz a minha união
O meu pai foi libertado, passei a ser empregado
E deixei de ser patrão
Agora sou empregado do filho que Deus me deu
Enfrentando a mesma luta que papai lutou e venceu
Percorrendo os caminhos que o velho percorreu
Só trabalho pro meu filho, a minha ilusão morreu
Ele tem vida folgada, pois o grande camarada
Lá de casa agora é eu
Minha vida de casado, pode crer, não é ruim
Nossa infância é passageiras, como flores do jardim
Não adianta reclamar, nosso mundo é mesmo assim
Assim vai a humanidade, caminhando até o fim
Ninguém vai sair do trilho, hoje eu faço pro meu filho
O que meu pai fez pra mim