Cifra Club

Ciranda

IKU THE KID

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Deixou de ser rima virou sentimento
Rio de Janeiro continua intenso
Quantos manos eu vi perderem tempo?
Vidas se foram num estalar de dedos

Já faz um tempo que eu sinto medo
Um cigarro pela ponta dos dedos
Admirando o império de toda essa dor
Que eu causo a mim mesmo

Uma vez ouvi o Sant dizer que
Quando 'cê é mais jovem 'cê é incendiário
'Cê acha que um mano que só viu o fogo
Vai ter o luxo da fluidez da água?

Sonhos morrem no caminhar das balas
Postura de guerra não pode falhar
Quero o circo pegando fogo
Pro palhaço gargalhar

Sorriso estampado na minha cara feia (yeah, yeah)
Jovem estampado na minha camiseta
O menó era-
Bope, já 'tô na parede
Sangue ruim dessa cidade
Filho do capeta, filho de mãe preta

E se eles te olham torto nessas ruas
É certo de arrumar treta
É cego por essa revolta
Te estragou
Aqui diz que a cria
Nunca conhecera

Vela pro anjo da guarda
Tá inconstante e espalha cera
A revolta me abraçou
Agora arma não é a mesma

Um banho de arruda
Pra afastar o mal olhar do-
Hoje eles olham pra mim
Como se eu fosse o iluminado

Mostro que
A fagulha dessa geração ainda queima
Nós tá aí pra mudar tudo que tá ruim
Queira ou não queira

Plano o mar vermelho
No mapa a favela sangra carmesim
Sabe que eu sou bicho solto
Em casa meu filho precisa de mim

Não posso ter o luxo da morte
Não posso contar com essa sorte
Não posso viver no perigo
Não posso me tornar perigo

Vida aqui não é ciranda, nego
Fodam-se as circunstâncias, nego
Só de manter a constância
Esse olho gordo te manda pro poço, nego

Toma cuidado na rua filho
Toma bença pra tu Aba filho
Vi você chegar em casa
Cabeça enfaixada meus olhos perderam o brilho

Aquela velha feiticeira
Trazendo na voz o meu último suspiro

Palavras indecifráveis ressoam todas as vezes que me senti perdido
Não se mata menino
E quando pensarem que já caí eu me levanto

Criolo com Catuába
Gritos da alma selvagem
Cortante tipo uma espada
Mais letais são minhas palavras

Tenho manos que nem sei o nome
Mas pulam na frente da bala pra me defender
Preciso fazer valer
Todo menó que bota fé no sonho

Foda-se o sonho americano
As correntes que eu trago são pra te prender
Adotando alcunhas que afastam todos os demônios que tentam me render

Polícia fede à morte do preto
Governo fede à morte da favela
Carrego a culpa de todos os corpos
Que levaram sonhos grandes pelos becos

Vida resumida em vielas
Olhos que só viram a morte
Furar caveira não é sorte
Vingança dos nerds das celas

Vida resumida em vielas
Olhos que só viram a morte
Furar caveira não é sorte
Vingança dos nerds das celas

Vida resumida em vielas
Olhos que só viram a morte
Furar caveira não é sorte
Vingança dos nerds das celas

Vida resumida em vielas
Olhos que só viram a morte
Furar caveira não é sorte
Vingança dos nerds das celas, porra

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