Quando eu partir daqui pra sempre
A primeira vez
Vou fazer questão de não ter mais
Motivos pra voltar
Apertos de mão, vozes diferentes
Apelos iguais
E a leve impressão
De que é tarde demais
No fim as duas margens são iguais
Os lugares, os móveis, os retratos
Têm o poder
De lembrar quem por lá um dia habitou
E não existe mais
Uma vez ou outra eu tenho a impressão
De ver saltar
Um sopro de vida daquele lugar
No fim as duas margens são iguais
Quando se tem o mundo pela frente
É difícil pensar
Em tudo o que um dia fez parte da nossa vida
E hoje não faz mais
Eu tenho a mais humilde consciência
E sei conviver
Com a transitoriedade da dor e da vida
No fim as duas margens são iguais