Dentro da pedra rija ruge um fragmento
Levado pelo tempo afora ao mar aberto
Sólido grão de areia, doce marinheiro
Vestido em corpo leve, casa em movimento
Navegando avante, qual jangada
Sabe pouco paradeiro às custas do amanhã
Do amanhã
Dentro da pedra
O vento habita um forasteiro
Faz inflar ligeiro as velas, suspender o medo
Sabe, no chão, poeira que foi firmamento
Faz ela envolver os pés descalços em mistérios
Entoando o passo em caminhada
Assoprando as velas aninhadas sobre os anos
Que passaram, preenchendo os vãos
A própria pedra habita um peito em fragmento
Feito de todo pedaço que o manter inteiro
Sabe: No chão, firmeza é passo a passo lento
É calcanhar enraizando as trilhas do advento
Dentro da pedra rija ruge um fragmento