Insisto, no meu chorar
Perambulando nas folhas caídas do meu cantar
Eu sei
Viver não deveria doer tanto
Meu olho já não vê
Minha mão já não toca
O Sol, o céu
Eu sei
Viver não deveria doer tanto
E hoje
Em prantos
Não me sinto pronto
Estranho se não fosse
Assim
Calculo as minúcias
Evito as falésias
Mas sempre chega o fim
Mas não só pra mim
Pra nós
Eu sei
Viver não deveria doer tanto
Meu olho já não vê
Minha mão já não toca
O Sol, o céu
Se todo meu cantar reflete melancolia
É porque no espelho em que me olho me mostra só
Talvez algum dia eu consiga sacudir essa monotonia
Sem pressa aprendi que o tempo passado é professor
Confundir solidão com abandono cega
E automutilação mental justifica meu lado menos leão
Com a lâmina da minha mente afiada nas mãos
Esgrimo com meu ego, sofrimento é apego
Abro as grades da razão e quero que cê voe mais alto
Algumas turbulências aéreas eu apago ou abstraio
Deixe penas antes de içar voo, vou pesar meu coração farto
Só que nem sempre esse pássaro eu pego e nem atraio
Mesmo que meu olho não veja e minha mão não toque
Sentimento mata a sede da inspiração pro que não alcanço
Reis querem há pouco ver o que aqui existe de mais belo
Eu sei, viver não deveria doer tanto
Eu sei
Viver não deveria doer tanto
Meu olho já não vê
Minha mão já não toca
O Sol, o céu
Eu sei
Viver não deveria doer tanto