Eu morava numa casinha de barro
La nos confins do sertão
Era torta coberta de retalhos
De palhas de milho
Feita com todo capricho
Pelas minhas mãos
Eu tinha um cachorro vira lata
Que era um tesouro
Um fazendeiro de olho estava
Me oferecia ouro
Queria meu cachorro querido
Abaixo de Deus
Em todo dia meu
Ele era meu melhor amigo
Mas um certo dia
Alguém me expulsou de lá
Como eu não tinha
Mais onde morar
Dei o meu cachorro
Pro fazendeiro olhar
Todo barbudo
Calça toda rasgada
Crianças e moças
Nem me olhava
Caminhando sem destino
Naquela estrada sem fim
Apenas um Sol ardente
Se aproximava de mim
Me sentindo sem ninguém
Pensando como esse mundo é
A gente vale o que tem
Eu só válio a minha fé
Daqui a pouco ouvi um barulho
Lá bem longe na curva do estradão
O cachorro escapou
Preferiu o meu amor
Do que aquela rica mansão
Chorei ao ver
O amor verdadeiro
O cachorro preferiu comigo viver
Do que o rico fazendeiro!