Cifra Club

Última Nota

Dado Ziul

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Notícia urgente! Um jovem foi encontrado morto na comunidade na madrugada de hoje
Conhecido por ser trabalhador e sempre estar na luta para sustentar sua família
Ele foi surpreendido por um ataque covarde
As autoridades suspeitam de uma execução planejada, possivelmente envolvendo alguém próximo
A tragédia é mais um reflexo do ciclo de violência e abandono nas periferias
Mais informações em breve

Nasceu condenado, entre vielas e becos cinzentos
Tijolo exposto, parede úmida, sonhos em fragmentos
Era só mais um na multidão sem identidade
Um soldado da favela que carregava a verdade

Trabalhou como um cão, suando pra pôr comida
Mas o sistema ri enquanto seca sua ferida
Cada moeda no bolso era uma luta vencida
Mas cada esquina lembrava: A morte não tem saída

Fez o impossível pra ficar longe das pedras do vício
Rezava no escuro, segurando o terço, pedindo um artifício
Tinha orgulho de não dobrar o joelho pra maldade
Mas quem espera justiça onde reina só a vaidade?

Quem vai lembrar dele agora que o sangue secou?
Quem vai chorar por ele quando o mundo seguiu e não parou?
Se a favela o criou, a favela o enterrou
E no fim, a traição foi o que o destino reservou

Se ele morrer e renascer, será outro qualquer
Mais um na estatística, mais um que o sistema quer
Porque aqui, quem luta até o fim morre sozinho
E quem o matou foi o mesmo que dividiu o caminho

Ele achava que o amigo era irmão de fé
Mas foi o mesmo que entregou o endereço pra Seu Zé
A bala não veio do fuzil do opressor
Veio de um aperto de mão com cheiro de rancor

Na favela, o inimigo se disfarça com sorriso
E quem te abraça forte já planeja teu sumiço
A guerra é contra o sistema, mas o golpe é interno
Aqui ninguém precisa de inferno, porque já vivemos o inferno

Ele jurava que podia escapar do ciclo eterno
Fugiu da pedra, das armas, do crime moderno
Mas o preço de ser limpo é morrer desacreditado
E o preço de sonhar é viver sempre sendo cobrado

Agora ele tá no chão, com os olhos virados pro céu
A luz do poste ilumina o rosto, silêncio cruel
As crianças brincam no mesmo beco onde sangrou
A vida segue, porque aqui ninguém tem tempo pro show

O sistema olha e diz: Menos um problema na favela
Enquanto a mãe grita de dor, a vizinha acende uma vela
E o amigo que puxou o gatilho tá na esquina, sorrindo
Porque na quebrada, lealdade é um conceito em declínio

Ele é só mais um entre milhares que já se foram
Mais um grito abafado que as balas silenciaram
Mas quem sabe, um dia, alguém se lembra do que ele dizia
Não confie em ninguém, porque a morte vem de quem te guia

Ele se foi, mas sua história é de muitos
O ciclo se repete nas esquinas, nos muros imundos
E a favela chora calada, porque aqui não há final feliz
Só mais um jovem morto pra engordar a cicatriz

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