Clube da Esquina: a história e a sonoridade do movimento
Mergulhe na origem e nas músicas de um dos movimentos mais importantes da música brasileira!
É comum ouvirmos falar mais sobre a bossa nova e a Tropicália, mas outro movimento foi tão importante para a música brasileira quanto esses dois citados. Nesse sentido, faz 50 anos que o pessoal do Clube da Esquina vem influenciando a arte nacional e até compositores de outros países.
Com uma musicalidade rebuscada e composições inovadoras, o Clube da Esquina é fundamental para quem quer aprofundar seus conhecimentos em MPB. Por exemplo, o álbum homônimo, lançado em 1972 por Milton Nascimento e Lô Borges, é o disco mais emblemático desse movimento.
Por isso, fizemos este artigo contando a história e analisando musicalmente esse riquíssimo movimento artístico. Saca só o que vamos abordar aqui:
- O que foi o movimento do Clube da Esquina?
- Porque se chamava Clube da Esquina?
- Como começou o Clube da Esquina?
- Quem integrava o Clube da Esquina?
- Quando acabou o Clube da Esquina?
- Qual a importância do Clube da Esquina?
- Análise musical do Clube da Esquina
Bora lá começar nossa jornada musical pela história do Clube da Esquina?
O que foi o movimento do Clube da Esquina?
O Clube da Esquina foi um movimento que surgiu em Belo Horizonte na década de 1960, reunindo músicos, compositores e letristas.
Seu estilo musical inovador foi formado pela fusão de rock, bossa nova, jazz, música folclórica mineira, música clássica e hispânica.
Dessa forma, o Clube da Esquina se destacou por trazer uma experimentação sonora de alta qualidade nas composições.
Outra característica do movimento era que suas letras abordavam temas sociais e políticos, com uma linguagem poética.
A influência do Clube da Esquina pode ser sentida em muitos artistas atuais da Música Popular Brasileira.
Por que se chamava Clube da Esquina?
O nome Clube da Esquina foi inspirado no cruzamento das ruas Divinópolis e Paraisópolis, localizadas no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte.
Era nesse endereço que os integrantes do movimento se reuniam para compor, falar sobre arte e política e passar o tempo juntos. Dessa forma, eles conseguiram criar uma atmosfera de colaboração criativa.
Por isso, o termo Clube da Esquina foi usado de forma simbólica para representar esse grupo de artistas.
Como começou o Clube da Esquina?
Muito legal a estética sonora e como o Clube da Esquina se batizou, não é mesmo? Mas como Lô Borges conheceu Milton Nascimento?
Em 1963, Milton Nascimento se mudou de Três Pontas para Belo Horizonte, para estudar e trabalhar. Logo, começou a frequentar uma loja de discos de Belo Horizonte.
Em uma de suas visitas a essa loja, ele ouviu Lô Borges tocando e ficou impressionado com seu talento. Foi aí o começo de uma amizade que logo se transformou em uma parceria musical.
Então, eles passaram a se encontrar na já citada esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis para conversar e tocar. Com o tempo, os outros membros do Clube da Esquina foram se juntando a eles.
Quem integrava o Clube da Esquina?
Entre os principais expoentes do Clube da Esquina, podemos destacar os seguintes artistas:
- Milton Nascimento: Com toda a certeza, o músico, cantor e compositor mais famoso do movimento;
- Lô Borges: Cantor, compositor e instrumentista, foi figura central entre os integrantes do Clube da Esquina;
- Márcio Borges: Poeta e letrista, irmão de Lô Borges, autor de muitas das principais letras do movimento;
- Beto Guedes: Músico e compositor que desempenhou um papel significativo na criação do som característico das composições do movimento;
- Flávio Venturini: Músico e compositor também crucial para o Clube da Esquina;
- Tavinho Moura: Compositor e instrumentista que teve um papel fundamental na formação do estilo do coletivo;
- Toninho Horta: Guitarrista e compositor que colaborou com muitos artistas do movimento.
Quando acabou o Clube da Esquina?
Não existe uma data exata para determinar o fim do Clube da Esquina, pois o movimento não teve um término oficial.
No entanto, alguns fatores podem ter contribuído para a sua dissolução. Por exemplo, mudanças nas carreiras solo dos membros, criando interesses artísticos divergentes.
Além disso, transformações na cena musical brasileira ao longo das décadas também podem ter contribuído para uma diluição gradual do movimento como uma entidade coesa.
Vale ressaltar que muitos dos músicos envolvidos no Clube da Esquina continuam ativos até hoje na cena musical brasileira.
Qual a importância do Clube da Esquina?
Estamos falando de uma das mais influentes correntes da Música Popular Brasileira. Assim, a importância do Clube da Esquina para a música brasileira se manifesta em diversos aspectos.
Seus compositores e arranjadores introduziram uma abordagem inovadora, com uma sonoridade única e progressista.
Por outro lado, as letras do Clube da Esquina muitas vezes abordavam temas sociais, políticos, filosóficos e espirituais, proporcionando uma experiência mais profunda e reflexiva.
Além disso, o legado do Clube da Esquina perdura até as gerações artísticas atuais.
Por fim, a música do Clube da Esquina transcendeu fronteiras, ganhando reconhecimento internacional. Assim sendo, o movimento contribuiu para a projeção global da música brasileira e influenciou músicos de diversas partes do mundo.
Análise musical do Clube da Esquina
O Clube da Esquina não foi apenas um movimento musical. Ele teve uma forte base sociocultural que afetou alguns setores da sociedade. No entanto, vamos agora manter o foco no aspecto musical dessa importante vertente da música nacional.
Identidade
O Clube da Esquina foi um movimento integrado por vários compositores e músicos. Cada um deles tinha suas próprias matrizes sonoras. Em outras palavras, todos eles tinham influências musicais que ajudaram a moldar as particularidades sonoras de cada membro.
Assim sendo, as características musicais dos integrantes se mesclavam. Como resultado, criou-se uma unidade sonora coletiva singular do Clube da Esquina.
Milton Nascimento teve um papel catalisador nesse processo, pois toda a criação musical do Clube da Esquina passou por uma supervisão desse grande compositor.
Evolução
Ao longo dos anos 70, a sonoridade característica do Clube da Esquina foi acrescida de novos elementos musicais em arranjos e composições. Dessa forma, esteve em constante amadurecimento e aperfeiçoamento.
Em outras palavras, os aspectos harmônicos, melódicos e rítmicos foram sendo mais bem elaborados.
Principais características da sonoridade do Clube da Esquina
A partir do álbum “Clube da Esquina” (1972), nota-se os seguintes elementos musicais, que definiram a sonoridade desse movimento musical:
- Utilização de música incidental;
- Repetição de temas melódicos;
- Variedade na utilização da fórmulas de compasso, tanto em músicas diferentes quanto em uma mesma música;
- Quadraturas assimétricas;
- Latinidade;
- Influência da música brasileira de décadas anteriores.
Como perceber as características sonoras do Clube da Esquina?
É possível notar como os elementos musicais são utilizados de forma peculiar pelos compositores do Clube da Esquina. Confira alguns desses elementos e como eles eram abordados pelos artistas do movimento:
Arranjo e melodia
A coda da música Cais, do álbum “Clube da Esquina”, tem seu arranjo em cima de piano e voz. No entanto, ela aparece sendo tocada por um quarteto de cordas na música Um Gosto de Sol, do mesmo álbum.
Ou seja, temos a repetição de um tema melódico criando uma música incidental.
Fórmulas de compasso
Ao longo do disco homônimo, seis fórmulas de compasso diferentes são exploradas: 2/4, 3/4, 4,4, 5/4, 6/4 e 6/8.
Além disso, podemos notar mais de uma fórmula de compasso em algumas canções, como Os Povos, Ao Que Vai Nascer e Cais.
Assimetria de quadratura
A assimetria de quadratura aparece em O Trem Azul e Cais. Portanto, essas músicas não trazem a quantidade de compassos pares mais comum e predominante da música popular.
Essa é uma particularidade empregada com frequência pelos compositores do Clube da Esquina. Em uma primeira audição, pode causar incômodo, mas isso é resolvido por recursos de composição e arranjo.
Música regional brasileira e latinidade
Beto Guedes, principalmente, estabelece a conexão do Clube da Esquina com a música regional brasileira.
Nesse sentido, podemos ouvir a viola caipira como instrumento predominante na música Nuvem Cigana.
Da mesma forma, Milton Nascimento traz influências da música latina e da música africana nas composições Dos Cruces e Lilla, respectivamente.
Agora que você já sabe tudo sobre o Clube da Esquina, conheceu as origens e influências do movimento e entendeu a abordagem musical compartilhe esse artigo com seus amigos. Dessa maneira, mais pessoas vão se inteirar sobre esse importante movimento da música brasileira.
Carlos de Oliveira
Redator Web com especialização em SEO e escrita para blogs e redes sociais. Estrategista de conteúdo. Músico, compositor e colecionador de LPs, CDs e DVDs. Toca guitarra, violão, baixo, teclado, piano e bateria. Escreve para o Cifra Club desde abril de 2022.