Maldita hora que eu fui alvejado nas costas
Minha vista escureceu um pouco na frente da giratória
Me lembro ainda da parati na esquina
Da troca de tiro da bala que acertou minha espinha
Ainda deu tempo de matar dois policiais
Mas quando eu fui correr as minhas pernas já não obedeciam
Cai no chão trocando com as duas Glock
Com a força que eu tinha com uma das mãos joguei o malote
Em direção aos manos que saiu trocando
A última coisa que eu ouvi foi o pneu cantando
Fiquei no chão sem conseguir me mover
Não conseguia falar, muito menos me mexer
Cheguei na UTI em coma profundo
No peito, no corpo, tinha uma pá de furo
Depois de vários dias consegui abrir o olho
Mas quando eu fui mover, só mexia a cabeça e o pescoço
Não me lembrava de absolutamente nada
Não conseguia falar, somente sussurrava
Mas quando ouvi minha mãe, lembrei-la de casa
Voltei minha memória, recordei as pegadas
Foi assim, Jão, nunca paguei de chefão
Só que na quadrilha eu era o monstro
Apetitoso e linha de frente nas pegadas
Uma pá da fita era eu que elaborava
Sempre de preto, eu as Glock
Uma em cada mão, no prolongador 29
Mais um na agulha, somando em 30
60 tiros em duas mãos, da pra troca com os policiais
E meus comparsas de sempre, pião de traka
Com arsenal pesado, era só as automáticas
Carro turbinado e o piloto de óculos preto
Na contenção de 45, eu nunca arrego
Mas num piscar de olhos, eu vi um flash
Senti uns tiros, era o vigia de 357
Logo em seguida, cai e desmaiei
Já nem sei que dia é hoje do mês
Mas sei que quase perdi minha família
E ninguém veio doar sangue da minha quadrilha
Mas sei que quase perdi minha família
E ninguém veio doar sangue da minha quadrilha