Um olho d’água virou sede
Quando escorreu das colinas
Ainda um fio caiu nas malhas
Na represa das retinas
E da menina dos olhos
Correm dois braços de rio
Dois afluentes profundos
Conduzindo dois navios
Um carregando a saudade
Outro o amor de quem te viu
Sou desejo quando chegas
Sou a paixão quando partes
Sou marina, vento e vela
Sou a solidão dos mares
Com o calor do seu vinho
Posso me sentir viçoso
Como sereno nas rosas
Quero seu beijo mimoso
Quero ser doce em seu fel
Ser a flora do seu horto
Girar feito um carrossel
Pelas curvas do seu corpo
Te encontrar na primavera
Te esperar como um porto