Quem me vê atrás das grades Nesta triste solidão Pensa que sempre vivi Com minha arma na mão Ao contrário, meus amigos Também tenho um coração Trabalhei honestamente Para defender meu pão Todo instante me lembro De minha mãezinha amada Me afagando com carinho Pedindo ao anjo da guarda Que eu seguisse um bom caminho Por uma florida estrada Enquanto o cruel destino Armava minha cilada Não tem amor neste mundo Que queira viver comigo Só tinha perseguição Pois esta é a paz de um bandido Mas tinha que continuar Porque só tinha inimigos Dos crimes que pratiquei Estou recebendo o castigo Nas noites frias sem lua Não tinha onde agasalhar Nas madrugadas tão tristes Só passarinho a cantar Capoeiras, grutas e vales Que servia de meu lar Não tinha uma viva alma Que viesse me consolar Agora por trás das grades A consciência me condena Está faltando dois anos Para cumprir minha pena Quando livrar-me eu quero Uma vida honesta e serena Quero apagar este nome Bandido da serra morena