Neste bairro nobre de ar insosso Nasceu em branco o pobre coitado Criou-se rabisco, cresceu esboço E virou rascunho de verso ditado Em poesia, encontrava-se imerso Mas, linha a linha, foi endireitado Em prosa rasa transformou-se o verso De letra em letra datilografado Em sonhos, a prosa se via romance E despertava de ato ensaiado Virava-se às letras ao seu alcance E chorava as dores de um sonho roubado E o documento, se vendo no fim Com o seu tinteiro já quase acabado O último termo chegava enfim De prazo curto, sem ser revisado Cortou seus tês, descalçou as botas Foi de folha em branco a um papel timbrado Terminou pingando seus is e seus jotas E, no ponto final, morreu iletrado