Meu funeral última festa que eu vou Olhem para mim de renda pronta para exibição Deitada como uma boneca pintada com perfeição Todo mundo coxixando e chorando sem razão Eu rio por dentro vendo toda a encenação Dentro do velório eles choram enquanto tampam o rosto Por baixo do véu escondem o alívio e o desgosto Olham o meu corpo moldado para atuação Tiram uma foto tentando esconder a satisfação Minha pele a se desfazer e a visão escurecer Mas que fique à inclusão eu durmo tranquila, minha cama é o meu caixão Minha pele a se desfazer e a visão a escurecer O que me mata neles vai morar Meu funeral é a última festa que eu vou participar Eu corto o pescoço em silêncio para não incomodar E fecho a garganta com as mão pro chão eu não sujar Vou até o banheiro para me esconder Deito então me permito morrer E no meu próprio sangue eu me deixo sufocar Afundo nos destroços do meu medo até eu me encontrar Calo as vozes me sinto mais livre Vou ao espelho e o meu poder me revive Meu caixão abaixo do chão todos chorando Mas atenção No fim sei que vão comemorar e a tristeza vai passar Eles não sabem, mas eu já sei Que essa farça já se desfez E eu já vou ressuscitar Meu funeral última festa que eu vou participar