É, é, é, é, é É, é, é, é, é O primeiro dia do ano é uma peça de pano pronta pra ser costurada É uma tesoura afiada que ao ver o primeiro fio Começa seu desafio numa fazenda se chita Faz a roupa, e borda a fita E passa o resto do ano sonhando e fazendo planos Pra se tornar mais bonita Às vezes de quando em quando Ela vai se desfiando, tecendo nossos defeitos Cobrindo costas e peitos Remendando sentimentos Deixando a força dos ventos penetrar corpos profanos Alinhavar meus enganos, ferindo a viver por um fio E o pano finda seu cio na prateleira dos anos Peguei meus trapos, meus farrapos, minhas tiras Com os fiapos de embira amarrei a solidão Pelo avesso apanhei meu desengano E num retalho de pano embrulhei meu coração É, é, é, é, é É, é, é, é, é Peguei meus trapos, meus farrapos, minhas tiras Com os fiapos de embira amarrei a solidão Pelo avesso apanhei meu desengano E num retalho de pano embrulhei meu coração É, é, é, é, é É, é