O João-de-barro, pra ser feliz como eu Certo dia resolveu Arranjar uma companheira No vai-e-vem, com o barro da biquinha Ele fez sua casinha Lá no galho da paineira Toda manhã, o pedreiro da floresta Cantava, fazendo festa Pra aquela que tanto amava Mas quando ele ia buscar o raminho Pra construir seu ninho O seu amor lhe enganava Fizemos a última viagem Foi lá pro sertão de Goiás Fui eu e o Chico Mineiro Também foi o capataz Viajamos muitos dias Pra chegar em Ouro Fino Aonde passamos a noite Numa festa do Divino Nesses versos tão singelos Minha bela, meu amor Pra você, quero contar O meu sofrer e a minha dor Eu sou como o sabiá Que quando canta, é só tristeza Desde o galho onde ele está Eu sou como o sabiá Que quando canta, é só tristeza Desde o galho onde ele está Nessa viola Eu canto e gemo de verdade Cada toada Representa uma saudade Quando a gente ama E não vive junto da mulher amada Uma coisa à toa É um bom motivo pra gente chorar Apagam-se as luzes ao chegar a hora De ir para a cama A gente começa a esperar por quem ama Na impressão que ela venha se deitar E hoje o que eu encontrei Me deixou mais triste Um pedacinho dela que existe Um fio de cabelo no meu paletó Lembrei de tudo entre nós Do amor vivido Aquele fio de cabelo comprido Já esteve grudado em nosso suor Índia, seus cabelos nos ombros caídos Negros como a noite que não tem luar Seus lábios de rosa para mim, sorrindo E a doce meiguice desse seu olhar Índia da pele morena Sua boca pequena eu quero beijar Índia, a tua imagem Sempre comigo, vai Dentro do meu coração Flor do meu Paraguai Pra minha mãezinha, já telegrafei E já me cansei de tanto sofrer Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer Já ouço, sonhando, o galo cantando O inhambu piando no escurecer A Lua prateada clareando a estrada A relva molhada desde o anoitecer Eu preciso ir pra ver tudo ali Foi lá que nasci, lá quero morrer