Sou cantador dessas modas antigas Dessas pulúrias que fazem chorar Trago em meu peito a saudade de um tempo Que a felicidade se fez encantar Mas estou agora vivendo uma luta Tentando esquecer um amor que se foi Comendo amargo veneno araruta Bebendo orgulho com sangue de boi Essa água ardente com gosto de fogo Do inferno grave que eu trago, me faz Ora esquecer a saudade na mente Do rosto daquela que quero demais Ela aparece nos meus pesadelos Nesse desmantelo me pego a cantar Versos e trovas que fazem sentido Somente pra quem sabe o que é amar Ou! Ou! Ou! Ou! Ou! Vaqueiro, vaqueiro Saio a cavalo mas desembestado Sem medo da morte tentando fugir Das imbrubâncias do fundo da mente Prevendo um abismo que eu possa cair E acabar com essa ópera triste Que em minha viola ponteio a chorar Rezando versos que eu falo e solfejo Evocando a morte pra se consumar Eu já não durmo com medo de tudo Pensando que eu posso não mais acordar E nunca mais receber os carinhos Daquela malvada que me faz penar Toco a manada sob a tempestade Quem sabe um raio venha me queimar Meu corpo, a terra, ao tempo, ao relento Animais e vermes venham me devorar Ou! Ou! Ou! Ou! Ou! O ou! Ou! Vaqueiro, vaqueiro Alguém entregue a dor e ao remorso Na rede do rancho sou eu a esperar Vendo os cachorros latir na porteira Que coisa mais linda acabou de chegar Ela promete que fica comigo Contanto que eu deixe de me embriagar E volte a ser o vaqueiro famado Dos palcos e glórias de todo o lugar Felicidade é ter com a gente Alguém que se sente o bem que lhe faz Com a viola altivo e plangente Eu canto por ela que amo demais E pro destino cruel e nocivo Enquanto eu for vivo estou a mercê Da minha sorte esperando a morte Buscando alegrias enquanto eu viver Ou! Ou! Ou! Ou! Ou! Ou! Vaqueiro vaqueiro