[Leila] Ai! É uma flor do campo! [Iago] Essa eu conheço, isso é alecrim, é um tempero [Leila] Não, é a flor do amor mais puro [Iago] Como? [Leila] A lenda de delfim e levi [Iago] Que lenda? [Leila] Existiam dois meninos, dois grandes amigos, delfim e levi Só que delfim nasceu cego e levi era quem o ajudava Ele guiava o amigo pelas florestas Protegia e fazia tudo o que podia, desde sempre Mas de todas as coisas que levi podia fazer por delfim Nenhuma outra era mais especial do que contar [Iago] Contar? [Leila] Sim, contar das coisas Como as coisas eram e transformar o mundo em palavras Que faziam o amigo imaginar tudo o que não podia enxergar [Delfim] Levi! [Levi] Sim? [Delfim] Se puder me descreva o azul Me explica como é o tamanho do céu E me fala das cores, das flores Eu só sei sabores como o doce do mel [Levi] Bem O azul é o sopro do ar O céu mede tudo que não é o chão E nem sei por onde começar Pois flores e cores tem mais de um milhão [Delfim] Como é algo que é transparente? [Levi] É aquilo sem nada a esconder É uma casa sem porta Que abriga e conforta É a coisa mais nobre que se pode ser [Delfim] Através dos seus olhos Esse mundo é mais lindo de ver E eu entendo através das palavras Eu enxergo os menores detalhes Através de você [Delfim] Eu queria saber das montanhas São gigantes brincando de se esconder E se os rios pudesse explicar Os rios são braços e pernas do mar Como é o pôr-do-Sol? O fogo? Como é ser livre pra ir aonde quiser? Como é ficar zonzo? Ver tudo rodar? Poder conhecer qualquer coisa ou lugar Sem precisar se apoiar [Levi] Através dos meus olhos Tudo isso você pode ver Só pedir que eu te conto do mundo Eu vou sempre olhar Por você [Delfim] Levi, como é o amor? [Levi] Ora, delfim, eu sei tanto da aparência do amor quanto você! Não dá pra ver o amor, só sentir [Delfim] Mas se você pudesse descrever, colocar em palavras como todo o resto? [Levi] Eu não sei, delfim Mas eu acho que o amor seria algo firme como Como um tronco em que a gente se apoia Ou algo fino e resistente como uma teia de aranha! Porque a gente não pode ver, mas sabe que ele tá lá [Delfim] Como você pra mim [Levi] De certa forma O que é isso, delfim? [Delfim] Eu, eu pensei que [Levi] Não, não Nós, você, eu Não, delfim! Isso não é certo! [Delfim] Então você me explicou o amor errado ou então eu não entendi [Levi] Isso é nojento! [Delfim] Através dos seus olhos Eu enxergava Mas agora, se eu pudesse, eu trocava Eu ia olhar por você [Leila] E quando a primeira lágrima do olho cego de delfim tocou o chão Ela se fez semente e essa flor então nasceu Por isso, contam que ela nunca foi semeada E acreditam tanto no seu poder [Iago] Poder? [Leila] Sim, reza a lenda Que se uma pessoa bebe da seiva dourada da flor do alecrim Seus olhos passam as ser como os de delfim Cegos de amor, do amor mais puro e ingênuo E ela se apaixona pela primeira coisa que vê em sua frente Não importam as diferenças, não importam as consequências