Toldei um baio a preceito Já se findava a semana Fui cantar a queromana Na Invernada do Resbalo E foi dos maiores “palo” Que já dei quando travesso Fiz um piá virar do avesso Num encontrão de cavalo Quando cheguei no bochincho Que escutei a de “oito-baixo” Tocando um vanerão macho Dos de arrancar pessegueiro Até o meu baio-oveiro Por incrível que pareça Rinchando, ergueu a cabeça Escarceando de faceiro Boleei a perna na frente Para olhar o sarandeio Dali um poquito se veio Um famoso desordeiro Se enfiando no mosquiteiro Que nem piolho em costura “Chuliei” direito à cintura E relampeou a marca Coqueiro Já fiquei me balanceando Que nem pelincho no arame Pensando num rolo infame Que às vezes se promove Mas deixa que se retove Isso é fogo que se apaga Cortei doce co’a minha “daga” Hoje quero que alguém prove Fiquei segurando o baio Pela ponta do cabresto E um mulato, com pretexto De “torito” mui valente Falando entre os dentes Amigo, o mosquiteiro É pequeno pra potreiro Tire o matungo da frente! Encarei pro índio maula Respondendo a “piruada” Desculpa, estou de cruzada Não danço aqui no Resbalo Mas sei que tu és o galo Aqui deste rinhadeiro Vou montar no baio-oveiro Mas vou dançar a cavalo O nojo desse moleque! Gritou a dona da casa E mesmo que gato em brasa Pulou a parda entonada Erguendo a tranca oitava Furioso o rabo de saia Mais braba do que lacraia De soiteira sapecada E foi quando oitavei o corpo E a tranca cruzou de viagem A parda tinha coragem Mas afrouxou o garrão Co’a bainha do facão Lhe soltei no recavém E saiu quem-que-che-chem Que nem cusco em procissão Mas o mulato aporreado Mandava na rapariga Puxou dum marca Formiga Me largando de pranchaço No primeiro pegotaço Rebati com muita ciência Demonstrando a experiência De bater aço com aço E aí saímos peleando Umdava, outro rebatia Naquele instante se ouviam Choromingos de facão No segundo pegotão Que me largou de estouro Já chegava de namoro Consegui “dá” um beliscão Larguei de fio, sem piedade! Só vi quando “coloriou” E o facão despencou Saindo sem direção Quando prestei atenção A minha “daga” valente Cortou beiço, língua e dente E o nariz caiu no chão Pensei que daquele feita Pudesse arrastar as fichas Mas um tal de “Lagartixa” Resolveu me tentear Me soltando pelo ar Um facãozito três listas Na hora, faltou-me a vista Me cortando o polegar Aí fiquei parecido Abelha que se alvorota Ameacei de canhota E troquei de mão ligeiro Mas o moleque arruaceiro Disparou que nem guaipeca Lhe aparei sem muita seca O contrapeso traseiro O culpado não fui eu De fazer esse estropício Desde piá tive por vício De sair campear bochincho E me topei co’o capincho Que por maleva era tido E fiz sair mais espimido Do que guisado em curincho Assim terminou um aparte Num domingo no Resbalo Depois monte a cavalo E saí pro corredor Este vago cantador Cortando o rumo ao contrário Até hoje o comissário Procura o meu parador