Um par se vem. Outro se vai, outro que fica A gaita louca Se desmancha no salseiro Salta faísca Com fumaça de candieiro E reverbera nos cabelos da marica A gaita velha Muitas vezes é culpada Dos diz-que-diz, dos bochinchos e segredos Mas o gaiteiro faz de conta E não diz nada Porque ele sabe que os culpados são os dedos E cada china E cada olhar É uma aripuca Promessa linda Que tonteia quando chama Na vanerita que se adoça E que derrama no céu de estrelas Nas pupilas da maruca Um galo canta Um cusco acoa Um touro berra E na penumbra parceria se abaguala O chinaredo farejou Cheiro de terra E há uma neblina galopeando pela sala E a gaita chucra Se aveluda, se aloujura Depois se amansa Num soluço de ansiedade E anda nos ares gaguejando uma saudade Não há quem saiba De onde vem tanta ternura E cada china E cada olhar É uma aripuca Promessa linda Que tonteia quando chama Na vanerita que se adoça E que derrama no céu de estrelas Nas pupilas da maruca