Arranquei essa tirana Do bojo do violão A sorte é uma cigana Que escreveu na minha mão No meio dos seus rabiscos Só duas coisas eu entendo Correr mundo, correr risco E o resto é seguir vivendo Meu coração é um alazão passarinheiro Sem freio, nem ferradura Riscando o casco no vento Só por paixão ele galopa assim ligeiro Pois empaca que nem mula Diante do sofrimento Risquei fogo e fiz fandango Bem no meio do terreiro Meu senhor dono da casa Não me vendo por dinheiro Mas barganho pelo encanto Do calor e da amizade Em troca lhe dou meu canto Pra alegrar sua saudade Encontrei uma espanhola Que dançava na fogueira Tinha boca cor-de-amora E um olhar de feiticeira Fui me embolar com ela Num barranco beira-rio E os peixes batiam palmas De tanto amor que se viu E os peixes batiam palmas De tanto amor que se viu