Deixei de lado, sim, a imagem pura De um Deus remoto, feito de granito Incapaz de curvar-se quando grito Sem dó, sem piedade, sem doçura De que me vale a olímpica figura Impassível escravo do infinito Se não enxuga as lágrimas do aflito Pronto a chorar também sua ternura? Creio que o mesmo Deus que tudo move Se faz pequeno, vibra e se comove Quando a rosa fenece e o tordo cai Aquele que nos deu o filho amado Por que o deixaria ao nosso lado Não fosse pra mostrar que Deus é Pai?