Certo rei preparou uma festa E seu servo, por mar e floresta, Foi levar o convite aos amigos O jantar fora bem preparado, Tinha tanto novilho cevado, Tinha pão e tinha vinho Um a um deram-lhe negativas E frustrou-se em tantas tentativas; Disse ao rei: faltam-lhe os convivas. E o rei viu uma alternativa: Enviou-lhe, por ruas e becos, A chamar pobres e aleijados Cegos, coxos foram convidados E em meio a brados e vivas Maltrapilhos sentaram-se à mesa E eu sou um destes esfarrapados, Andrajosos, imundos, culpados Que se encheu de alegria Porque muitos foram chamados Mas poucos foram selecionados Não por mérito, mas por graça E hoje canto seu nome na praça E não temo morte ou ameaça Sou do rei, isso me basta!