Pobre

Sigma 5

Pobre daquele que sente fome 
E vê a soja estragar no armazém. 
Pobre daquele que sente fome 
E sabe que só come se roubar de alguém. 

Pobre daquele que sente o cheiro da morte 
Todos os dias no balanço do trem. 
Pobre daquele que sente o cheiro da morte 
Desde que nasce até a hora de morrer também. 

Pobres de espírito, 
Pobre de mim... 
Que a noite traga a escuridão, 

Pra viver, pra matar, pra morrer aqui. 
Vem, o caminho é bem menor: 
Me chamam Brasil. 

Pobre daquele que já morreu 
E não comprou seu lugar no céu. 
Pobre daquele que já morreu 
E descobriu que não se guarda lugar pra ninguém. 

Pobre daquele que já nasceu num país 
Filho da Puta por definição. 
Pobre daquele que já nasceu num país 
Endividado e afogado na corrupção. 

Meninos brincando de matar alguém, 
Um dia vão crescer, 
Pra nunca mais brincar 

De viver, de matar, de morrer aqui. 
Vem o caminho é bem menor: 
Me chamam Brasil.
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