Esse samba-rock vai para Paulinho Maluco Arnoldo Pimentel, Inon E Agnaldo Estrela Se a defesa civil interditar o meu barraco Onde é que eu vou morar? Guardo de baixo do santo o pagamento do IPTU De um terreno de posse com cerca de arame e bambu Sem fundação e sapata levantei a meia água Sem embolso, esgoto ou água encanada Se a defesa civil interditar o meu barraco Onde é que eu vou morar? É na banguela do morro que desço e subo todo dia Entre gente sem dente e a molecada que vigia No requebrar das vielas sobe a pipa amarela Que enfeita e desperta o olhar da favela Se a defesa civil interditar o meu barraco Onde é que eu vou morar? Ralo quando não tem jeito ou quando o gás está pra acabar Tomo uns tapas nos peitos da Dona Maria que é pra acordar Vou armado à calçada com a travessa de empada Mantendo a dignidade e atrás do tostão Se a defesa civil interditar o meu barraco Onde é que eu vou morar? Caio num ato solene no clã dos da Silva para jantar Brota a comida na mesa feijão com torresmo a boiar E a novela começa quando a bala atravessa O meio da sala com doce sabor de limão Se a defesa civil interditar o meu barraco Onde é que eu vou morar?