Quem pode prender essa ventania que mora em mim? Essa fertilidade de espalhar boas sementes De unir elementos contraditórios dentro de si Tempo que se fecha sem chover, poeira do meu indizível Fogo que alastra indomável pelo caminho Águas que recuam e voltam com intensidade Nesta instabilidade de nascer tempestade e dissipar-se fogo Fecha meu ponto fraco, nas espirais dos meus ventos Movimento o meu corpo para que ele não morra Quem pode acalmar esse redemoinho de ser mulher preta? Este racismo que me desumaniza e me torna vazio O invisível de todos os meus passos desfeitos Sabe quando o mar desfaz as escritas nas areias? Sabe quando o dia vai virando noite e tudo se torna mistério? Tem dias que a loucura mescla com a solidão E eu me vi várias vezes vagando sem destino certo Eu tenho medo de que não se lembrem Nossos passos vêm de longe e precisamos prosseguir