Em frente a igreja prostada Ajoelhanda rezando Aquela mulher coitada Passa horas meditando Naquele templo sagrado O que lhe resta de amor É pagar o seu pecado E ameniazar a dor Carrega o trauma consigo O remorço a repulsão Pagando o reto castigo Da lei da compensação Já foi nova e vaidosa Tinha tudo em seu caminho Na sua vida amorosa Nunca quis ter um filhinho Afinal ficou gestante Não sentindo o amor materno Num gesto repugnante Achou no feto um inferno Pensando em luxo e conforto Beleza carro e mansão Provocou logo um aborto Sem a menor compaixão Certa noite ela sonhando Apareceu-lhe um anjinho Com meiguice lhe entregando O seguinte bilhetinho Mamãe leia esses versos Mas não fique constrangida São pequeninos lembretes Deste que privaste a vida Foi tão pequeno o período Que em seu ventre passei Tão quietinho miúdo Em nada lhe magoei Porque mamãe a senhora Lançou-me o ódio profundo Expulso-me antes de hora Sem me deixar vim ao mundo? Raciocine um instante O meu começo e meu fim Nesse mundo tão gigante Não houve um lugar pra mim Eu em delírios frementes Em seu ventre fui gerado Por razões incoerente Cedo fui repudiado No seu subconsciente Lembra este ato nerfano Quando ver um inocente Com sua mamãe brincando Que tamanha culpa tive Pra morrer precocimente? Não ver outra criancinha Brincar distentemente Se eu tivesse nascido Também crescido ao seu lado Talvez em alguma coisa Já tivesse lhe ajudado E te perdoou confiante No teu amor teu carinho Se ainda sair gestante Não mate meu irmãozinho Se ainda sair gestante Não mate meu irmãozinho Se ainda sair gestante Não mate meu irmãozinho