[Samba-Enredo: O Cais da Resistência] Agô, ao pisar as pedras desse cais Respeito! Aqui desembarcaram nossos ancestrais Do ventre de um tumbeiro, Povo banto em cativeiro Era peça no mercado Preto Novo, à flor da terra, a denúncia, o legado Vergonha é eterna cicatriz Verdade que se impõe à realeza Não se curva à nobreza da Imperatriz Ê, malungo, firma o ponto no Ilê Uma “lei para inglês ver” não entrega livramento Ê, malungo, para a vida transformar É preciso aquilombar o pensamento Com a falsa liberdade A dura realidade, do quilombo à favela Pretos vindos de todos os cantos Sua arte, seus encantos, a cultura é sentinela Braço forte na estiva, capoeira tem axé Lá na Casa de Ciata, samba, choro e candomblé Ô, Iyá! Ô, Iyá! Se os búzios estão vivos, oferenda é amalá Kaô, meu Pai, Kaô! Clama a Pioneira a Justiça de Xangô! Deixa lavar! E livrar de todo mal O Valongo é Resistência, Patrimônio Mundial Sou Vizinha Faladeira, guardiã desse lugar Hoje, o canto da Sereia tem o toque do Alujá