[Samba-Enredo: A Água Baixou E... O Quilombo Resistiu!] Quem remove não promove humanidade Desconhece a resistência da pobreza Que embala todo sono da cidade Nos braços da mais negra realeza Quem remove não promove humanidade Desconhece a resistência da pobreza Que embala todo sono da cidade Nos braços da mais negra realeza Era lama, era resto No colo da senhora criação Reza a vela, reza a lenda Que o divino sopro ascenda A brasa em ferro que forjou o coração Quando a água baixou Em meus olhos marejados Mera gota em oceano Era banzo o passado Batuque de areal Firma meu assentamento Pelo aquilombamento Reinvento o carnaval Dessa lágrima de luto Conservada pela terra Eu renasço feito fruto Mais um Silva nesta selva Dessa lágrima de luto Conservada pela terra Eu renasço feito fruto Mais um Silva nesta selva Hoje, comando vielas, favelas e gretas Resisto, orgulhoso na Ânima preta Convivo com a morte no próprio covil Negro, sou feito de barro, de fé e agruras Talhado no tronco cruel da tortura Me fiz na alforria a cor do Brasil