O dia vai raiar, vou cantando! Com a alma repleta de chão Conduzindo a procissão A águia é o Espírito Santo! Velha guarda sentinela Chama viva em cada vela Nossa senhora e são Sebastião! Se o caminho é de pedra Um sonho me leva! A voz de Deus se faz canção É preciso ter força É preciso ter raça! Desperta o sentimento Nas esquinas e praças! Rufam os tambores Meu rio virou mar O trem azul portela Vai aonde o artista está No sertão da minha terra O fole do acordeão No quilombo e na floresta A semente da nação Ava canoeiro, avacanoê Vão seguindo a romaria Para ver o Sol nascer Vem, a Lua teceu, no cálice da noite Estrelas no breu, depois do temporal, a bonança! Apaga a escuridão E acende a esperança! Nas ruas e terreiros Ecoa o candongueiro O folguedo popular Em três pontas o cortejo a festejar Oxalufã, no toque do igbin Abençoe esse menino Que sonhou ser querubim! Solto a voz, sou portela! Amigo eu vim te encontrar! O canto da cigarra traz no vento O Sol a brilhar! É Milton Nascimento