Meu coração azul e branco não vai aguentar Quando outra vez nessa avenida desfilar Já fiz história, voei por aí Sempre serei o seu pequeno colibri Vovó, a preta velha hoje não chora É velha guarda e fez escola Eu vi os curumins brincando de flor em flor Num país de encanto que se revelou Meu povo em estado de graça Em cada palmo de chão E a pista prateando a ilusão Foi o canto, foi o conto, escravidão É o pranto, é o ponto, o suor na marcação Fiz do samba africanidade O meu ilê, ilê de liberdade Na corte e nos salões Damas, rainhas, um rei Desse palco lindo céu de emoções Às estrelas eu cantei Já fui mendigo no meio praça Um Cristo negro na tribuna social Ergui a minha voz, olhei por todos nós Muito além do carnaval Cresci, mas sou ainda aquele mesmo passarinho Numa cidade construí meu belo ninho E o infinito eu fui buscar Sonhei, que vida era uma doce poesia E descobri que o tempo é fantasia Sou eu sou eu, o Beija flor Vem Nilópolis nessa fábula de amor Nasci de gente humildade, comunidade Quem não viu, abra o livro da saudade