Eu não gosto de vancê, Papai Noé! Tamém não gosto desse seu papé De vendê ilusão pra tár da burguesia Se os meninu pobre da cidade Soubessem o desprezo qui o se tem Pelos humirde, pela humirdade Eu acho que eles jogavam pedra em sua fantasia Tarvez vancê nem se alembra mais Eu cresci, me tornei rapaz Sem nunca me esquecê daquilo que passô Eu lhe escrevi um biete pedindo meu presente A noite inteira eu esperei contente Chegou o sór, mais vancê num chegô Dias depois, meu pobre pai, cansado Me trouxe um trenzinho véio, enferrujado E me ponhô ansim na minha mão E me oiando baixinho me falô Toma, é pra vancê, foi Papai Noé que mando E vi quando ele adisfarçô umas lágrima com a mão Eu alegre e inocente nesse caso Pensei que o meu biete embora com atraso Tinha chegado em suas mão, no fim do mês Limpei ele bem limpado, dei corda O trem partiu, deu muitas vorta Meu pai então se riu e me abraço Pela úrtima vez O resto, eu só pude compreendê quando cresci E comecei a vê as coisa com a realidade Um dia meu pai chegô ansim Com quem tá com medo e falou pra mim Me dá aqui aquele seu brinquedo Dá aqui, vou trocá por outro na cidade Então eu entreguei pra ele Meu trenzinho quase a soluçá E como quem não qué abandoná um mimo Um mimo que lhe deu, quem lhe qué bem Eu supliquei medroso, ô pai eu só tenho ele! Eu não quero outro brinquedo, eu quero aquele Por favor pai, num vá levá meu trem? Meu pai calo-se E pelo seu rosto veio descendo uma lágrima Que inté hoje creio, tão pura e santa ansim Só Deus chorou Ele saiu correndo, bateu a porta Ansim como um doido varrido Minha mãe gritou; pra ele: José! Ele num deu ouvido Foi-se embora e nunca mais vortô Vancê, Papai Noé, vancê me transformô Num homem que hoje a infância arruíno Sem pai e sem brinquedo Afiná, dos meus presente não não ai um que sobre Da riqueza de um menino pobre Que sonha o ano inteiro com a noite de Natá Meu pobre pai, coitado, mar vestido Pra não me vê naquele dia desiludido Pagô bem caro a minha inlusão Num gesto nobre, humano e decisivo Ele foi longe demais pra me trazê aquele lenitivo Tinha robado aquele trem do fio do patrão Quando ele sumiu, pensei que tinha viajado No entanto, minha mãe despois de eu grande Me contou em pranto que ele foi preso, coitado E tranformado em réu Ninguém pra absorvê meu pai se atrevia Ele foi definhando na cadeia Inté que um dia Deus entrô na sua cela e libertô pro céu