Em Mil, Seiscentos e Oitenta e Dois nascemos Permitam-me o tempo de uma regressão! As várias gerações ás quais nós sucedemos Esperam nosso olhar com sua antevisão! Vem, sobre as águas do Uruguai, o olhar do padre Prece os século, combates e invasões Sobe o barranco a gênese desta cidade Nasce a Primeira entre as Sete Reduções! Chegaram dois Fanciscos, padres companheiros Unidos pela fé no Cristo Salvador São Francisco de Borja, o Grande Padroeiro Francisco Garcia de Prada, o Fundador! Um deles veio espírito santificado Trazendo a proteção no seu abonamento O outro veio vivo e determinado A erguer os alicerces que nos dão sustento! Domou-se o índio, antes rude e caborteiro Mas a coragem até hoje é imortal O sino grande a ressoar no pampa inteiro E, na coxilha, ergueu-se a Cruz Patriarcal! A companhia de Jesus povoou o nada Fundou a estancia e deu ao índio um ideal Com a força agreste do nativo abriu estradas E ergueu a torre da primeira Catedral! Houve o tratado de Madrid, com ele a guerra Sua existência abriu porteiras para o mal! Bastou saber sobre a riqueza dessa terra Para a cobiça vir de Espanha e Portugal Foi-se o jesuíta da fronteira desparelha Ficaram pedras, atropelos e incertezas O sangue herói deixo a terra mais vermelha Sem entender se é castelhana ou portuguesa Borges do canto lhe conquista com a espada E é lusitana até tornar-se brasileira Com Chagas Santos volta a ser organizada Ela e as outras seis reduções missioneiras! Três invasões de maior vulto ela sofreu A de Andresito, a de Rivera e o Paraguai Mas em nenhuma nossa gente esmoreceu Curando a alma nas águas do Uruguai A nossa data magna não tardaria O tempo edificava a velha redução Com João Palmeiro em vila se transformaria No vinte e um de maio da elevação! Vem o episodio da moção Plebicitária Com Apparício Mariense, um cidadão Que, pela a ideia vanguardista e libertaria Pede a república, prece a abolição! A velha cepa de homens fortes volta á carga A nobre história ao grande berço se fundiu E o mundo escuta o verbo de Getúlio Vargas Que é o maior dos presidentes do Brasil! São Borja empresta outro filho a presidência É João Goulart, o estancieiro trabalhista Homem de arreio, com o campo em sua essência Alma gigante e humanitária de estadista! Tropas que cruzam invernadas, corredores O trigo eu linho colorindo esse rincão Arroz e soja e o barulho dos tratores Nos transformando em capital da produção! Com vargas Netto a poesia se enraíza Brilha o poeta, deputado e jornalista Seu verso xucro o impressiona e o eterniza Príncipe dos poetas tradicionalistas! Em Apparício Silva Rillo a efervescência Dessa poesia se agiganta ainda mais Há um poeta universal pela querencia Trilhando o mundo com seus passos regionais José Hilário Retamozo é mais um astro Em nosso lábaro gigante que se expande Prova latente que São Borja, com seu rastro Alarga os rumos da poesia do Rio Grande! Hoje nos toca ser história e personagens! O tempo é um velho que não cansa de andejar Vai transmutando rostos, alamas e paisagens Nos carreteando sempre no mesmo lugar! Toda esta saga é nosso fogo e no forja Semente, rio, espada, cruz, berros de bois Somos a essência resultante de São Borja Que vem de Mil, Seiscentos e Oitenta e Dois