Estou de frente para o mar Em êxtase Com a sua divina grandiosidade O mar me espera, sem pressa Sabedor do seu poder Ciente da sua atração A brisa nas narinas Os olhos ondulantes E o incontido desejo de navegar Navegar, navegar, navegar Na madrugada morna Evola das suas ondas Em aerossóis de salmoura O suave perfume da maresia Esperei tanto (Esperamos tanto) E agora eis-me aqui, só Neste ancoradouro vazio Não sonhei ficar sozinho E nem aqui E nem assim e nem agora Neste desespero a esperar Pelas ondas espumantes Que precipitam-se à minha frente Brincando de ir e de vir Esticando-se, esticando-se Até o momento em que Arrebentarão no meu corpo E me levarão para outro Porto!