Mariazinha nasceu lá em pernambuco Na casa de seu nabuco Filha de seu josimar Sua família é assim muito festeira Teve xote a noite inteira Até o dia clarear O batizado foi regado a muito suco Depois do jogo de truco Rapadura a sobrar Veio parente da cidade de limeira E também lá de pedreira Mais o povo do lugar Ficou mocinha, o que pintou de mameluco, Gente fina, até eunuco, Pedindo pra namorar... Mas dona flora não ouviu o seu lamento A mandou para um convento Pra ser freira e se guardar Ficou pudica quase a vida inteira Ficou velha quase à beira De morrer e não transar Foi quando decidiu tirar o grande atraso Fez na vila um enorme arraso Vestida para matar! Êta, véia assanhada, sem-vergonha, arretada! Vive sempre cercada, galã a cortejar Quando vê moço loiro, fica avermelhada, Gosta de um bolero, mas também quer xaxar Êta, véia assanhada, bem alegre e danada! Vai ser namoradeira assim no arrasta-pé Nunca é cedo pra ela, nunca dispensa nada Traça todo moleque e enche a cara de mé! A sua fama já chegava a recife Mas comeu cebola e bife Morreu sem pestanejar Sua família é muito religiosa Ladainha foi chorosa Até o dia clarear O enterramento foi regado a muito muco Junto com o relógio cuco Que gostava de guardar Veio parente da cidade de limeira E também de cachoeira Mais o povo do lugar Foi recebida lá no céu por pedro, o santo, Teve até por ela, encanto, Pedindo pra namorar Mas ela tinha muita culpa no cartório A mandou pro purgatório Pra ser virgem e se guardar Ficou pudica quase a eternidade inteira Ficou nova quase à beira De nascer e não transar Foi quando decidiu tirar o grande atraso Fez no céu um enorme arraso Nua pra ressuscitar! Êta, véia assanhada, sem-vergonha, arretada! Vive sempre cercada, galã a cortejar Quando vê anjo loiro, fica azuretada. Gosta de uma harpa, mas também quer xaxar Êta, véia assanhada, bem alegre e danada! Vai ser namoradeira assim lá no cabaré Nunca é tarde pra ela, nunca dispensa nada Traça todo diabo, e querubim, vai na fé!