Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Lei é bala se te encara, é só mais um preto na vala Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Uma falha e vais lá parar onde a gente para Eu vim da cidade onde o sonho tá longe da realidade Aqui ninguém semeia vento, mas todos colhem tempestade Foi nessa cidade onde eu vi que não existe igualdade Uma coisa é expectativa, outra coisa é realidade Eles querem que eu seja o podre da sociedade Mas a miséria motiva-me pra que eu lute pra'rá igualdade Bairros sociais são a lixeira num modo camuflado Por isso é que 90 por cento da comunidade tá atrás das grades Eu não queria 'tar no crime, eu queria 'tar no ringue Toda a criança sonha e eu sonhei ser Ronaldinho Minha mãe lavava pias, dizia: Filho, a vida é assim Já 'tava conformada, sentia-se rica no vazio Eu sei que depende da perspetiva, não Que eu não seja humilde, eu 'tive falta de cartão de cidadão Não foi de skill E muitos que nem no meu nível tão a conquistar aquilo Que eu chamava de sonho d'obriga, eu fui vender uns kilos Fui clickar gatilhos pra'a dar papa aos filhos Miseráveis, orfãos como eu, e uns a bófia deu tiro no pai Trauma é subsídio, suicídio sai E o tio Elídio, só optou por ser bandido porque o sistema trai Vi muita mãe a dar a frente frequentemente por mantimento Não por sentimento, boy, isto dói Sacrificaram o corpo por um futuro diferente Pro filho ser gente, deram no gerente e na Playboy E o meu tropa foi preso por 'tar no bar sem ticket É só pra verem o despreso e como o sistema irrita-me Eles pisam o people do ghetto, fazem do preto, chiclete E isso tudo porque no parlamento quem tá na frente é Hitler (Jesus) a minha raça não é do privilégio Única esperança é ser o próximo Eusébio Qual é que é a diferença do meu bairro e um cemitério? A diferença é que somos zombies e os mortos já descansam deste inferno (Cala-te) se te incomoda por eu bater na me'ma tecla Tira a tecla, ou então vais-me ver bater na tecla até morrer (Cala-te) Vocês só falam o que não sabem que a gente enfrenta Lamento ya, vou continuar na reta que ainda tenho fé (Cala-te) [?] e já avanço pra'á quinta década Se vi paz, foi uma beca, bruh Mas tinha que 'tar a correr (Cala-te) Aos sete conheci a dieta, e hoje dispenso essa treta Que deviam dar nome de ofensa a refeições gourmet Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Uma falha e vais lá parar onde a minha gente para Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Uma falha e vais lá parar onde a minha gente para A gente agora só acredita em Deus quando convém E a igreja hoje é pra'a pedir perdão porque magoei alguém Caguei pra'o amém, meu ferro é mais sagrado que Jesuralém E quando eu tô pragado, [?] até um surdo escuta bem Os bófias acham que todo o rasta [?] Na esquadra é praxe, parece que é a caça da classe baixa Por isso é que quando a gente vence, se acha Mamona trás a taça que eu quero ver os Venturas a darem graxa Já não há vergonha, eles chacham em pública praça Deram uma brecha, hoje o Chega na rua marcha Querem apagar o Éder que fodeu a França Encher a pança, não deram mérito, só distância Eles vão dizer que é só mania da perseguição Cansei de viver na rabia, não é so imaginação Hoje a minha rebeldia é voz, minha munição Porque as mentes vazias propagam sem noção Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Uma falha e vais lá parar onde a minha gente para Quem patrulha a área é a Judiciária A paz no bairro agora é coisa rara Uma falha e vais lá parar onde a minha gente para Querem guerra? Se não querem, get out Nasci um preto violento Querem guerra? Se não querem, get out Nasci um preto violento Querem guerra? Se não querem, get out Nasci um preto violento