Quando o boiadeiro veste o gibão de couro E o ouro do garimpo cai na mão do garimpeiro O gavião na mata se prepara para o bote O mote de inteligente sai da voz do violeiro A Lua esconde a cara por detrás da nuvem escura Na dura caminhada o peixe nada contra o rio A boca chama o beijo o beijo embriaga Quem afia faca sabe pra que serve o fio Pra que serve o fio Pra que serve o fio Quem afia a faca sabe pra que serve o fio Quando o viajante faz do mundo sua casa E a brasa queima a carne no olhar de quem tem fome O homem se ajoelha reza chora e pede chuva A uva com nobreza enfeita mesa de quem come O coração que sangra pelo amor que foi embora A hora que a fêmea se prepara para o cio A rosa que mão cheira, a febre que ataca Quem afia faca sabe pra que serve o fio Quando o tocador afina as cordas da viola E a bola cai na área bem no pé do artilheiro O povo se prepara para o ouvir o candidato O trato da donzela que se pinta no banheiro A solidão que abraça o poeta na varanda A banda que acompanha a despedida de um navio O filho que não chega um caminho sem placa Quem afia a faca sabe pra que serve o fio Pra que serve o fio Pra que serve o fio Quem afia faca sabe pra que serve o fio