Levanto meu chimarrão À irmandade galponeira Frente a brasa fogoneira Da velha pira votiva Sob a quincha primitiva Da querência missioneira Aqui a legenda nasceu Quando a América nascia Na bárbara eucaristia Que o pai do céu concebeu Aqui a terra recebeu O dom maior da existência Quando a santa providência Que rege o pampa mistério Mandou que o índio gaudério Fizesse pátria e querência O campo, o céu, a lonjura E o rio de lombo vermelho Passeando no mesmo espelho Que o mundo aberto emoldura E o tempo à eterna procura Do rumo desconhecido Buscando o elo perdido Antes da primeira idade Na rude simplicidade Do guasca recém-nascido E dele o rio grande veio Como vieram os platinos Mala crias e teatinos Forjados no pastoreio Os monarcas do arreio Escrevendo nas patriadas De pupilas dilatadas Pelos espaços profundos Nessa fronteira de mundos Que empurraram as trompadas Hoje as pátrias definidas Com ideias e bandeiras Seguem as almas campeiras Praticando as mesmas lidas Somente agora reunidas Na paz dos livres que soma Pátrias gaúchas com diplomas Da mesma universidade Paz, justiça e liberdade Que ninguém rouba nem toma E o fogão continentino Aquele que nós rodeamos E peleando conservamos Pra iluminar nosso destino Osco do lombo brasino As quatro pátrias congrega A origem jamais renega Pois brotou da mesma fonte Na vertente de horizonte Que o missioneiro carrega Irmãos de quatro países Do mesmo grupo alinhados Da mesma forma explorados Na mais terrível das crises Riscados de cicatrizes Pelos eternos tiranos Os deuses americanos Que nos moldaram iguais Nos querem frente aos demais Abraçados como hermanos