Meu anjo da guarda Não quer mais trabalhar Pendurou sua auréola Subiu a favela Foi comemorar Pediu por cachaça Não quis nem conversar Já foi virando as costas Fiquei sem resposta Não quis me escutar E agora, o que eu faço? Meu Deus, aí de mim! Entrou no pagode Tocou tamborim Ficou lá no morro Não foi trabalhar Deu pane no céu Ninguém vem me salvar Meu anjo da guarda Tropeçou no sofá Entre um porre e outro Chega todo torto Vem desabafar Diz que a vida tá dura Que tá brabo lá em cima Já cansou de sofrer E prefere viver Cá embaixo sua sina E mesmo que ele perca a eternidade Pretende viver com intensidade Comprar uma casa com sauna e piscina Viver de batuque, de verso de rima A vida na terra já tá complicada Suor do trabalho pra ver quase nada E ainda por cima o papel se inverteu E hoje quem cuida do anjo sou eu