Me refiro ao açude de Orós Onde tantos pescavam pela feira Que num todo retrata uma caveira Consequência da seca monstro atroz O lugar que o cará nadou veloz Pra fugir do anzol ou do galão Sede espaço ao plantio de ração Para os bois que de fome estão morrendo Hoje a casa dos peixes está tendo Com a seca a maior transformação Foi o monstro da seca o arquiteto Que esse caos degradante projetou Tudo só porque Deus o céu trancou E ninguém sabe até quando vai o veto Tem calango a procura de inseto No lugar que nadava o camarão E onde esteve a traíra rente ao chão São teús e preás que estão correndo Hoje a casa dos peixes está tendo Com a seca a maior transformação Os motores dos barcos se calaram Os socós se tornaram desertores Com motivos de sobra os pescadores Sem ter nada a fazer se dispersaram Quem deu vida aos cardumes que nadaram Muito longe da mira da visão Abre espaço pra pasto e plantação De onde os brutos e gente estão comendo Hoje a casa dos peixes está tendo Com a seca a maior transformação Quem pescou num passado bem recente Se contenta escutando os passarinhos Dentro de um Calumbi cheio de espinhos A melhor proteção contra o Sol quente Vendo as vacas pastando lentamente Com uma garça fazendo guarnição E garantindo uma farta refeição Com os insetos que vão aparecendo